Na Web: "Os lugares de Nietzsche", por Paulo César de Souza

Percorrendo algumas localidades em volta do golfo de Gênova -Rapallo, Sta. Margherita, Ruta, Portofino-, salta aos olhos por que essa região o fascinava. É um litoral alcantilado, com inúmeras pequenas enseadas, sobre as quais há terraços verdejantes que descortinam, a cada curva, uma paisagem deslumbrante. Junto ao mar há estreitas faixas de areias escuras e pedregosas, que os europeus chamam de praias. Nietzsche andava por esses montes horas a fio, sempre com uma caderneta onde anotava seus pensamentos. Várias de suas obras, como "Aurora" e "A Gaia Ciência" estão associadas a Gênova e seus arredores. O mar e o sol tinham que estar presentes, numa filosofia que exalta a sensualidade. O outro pólo de suas andanças, na década de 1880, era Sils-Maria, um povoado bem próximo de St. Moritz, na região suíça da Alta Engadina. Ele normalmente chegava em junho e partia em setembro, alugando um quarto na casa da família Durisch. Desde que essa casa foi transformada em museu, 40 anos atrás, Sils-Maria transformou-se na meca dos nietzschianos do mundo inteiro. Já antes disso era procurada por admiradores de Nietzsche. Entre as fotos exibidas nas paredes, há uma de Thomas Mann e Hermann Hesse na década de 30. Theodor Adorno esteve aqui nos anos 50 com Herbert Marcuse e escreveu um tocante relato da visita. Jean Cocteau ajoelhou-se na soleira, bem histrionicamente, e comeu um punhado de neve "em comunhão", segundo registrou num poema.

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