Na Web: Entrevista com David Lapoujade sobre Bergson
Antes de tudo, gostaríamos de saber o que te levou a trabalhar sobre Bergson, quais problemas conduziram você a ele, e o que você procurava?
Sempre trabalhei sobre Bergson, como estudante e depois como professor. A princípio, é um gosto por sua filosofia, um gosto intraduzível, mas que eu explorei, um gosto pelos problemas que ele coloca, por sua escrita elegante e direta. Em seguida, este gosto se reforçou com a leitura de Deleuze, que me fez gostar de Bergson de outro jeito. Mas se escrevi este livro é por causa de um livro anterior sobre William e Henry James, Fictions du pragmatisme. Em Henry James, notadamente, encontramos personagens que vivem fechados numa espécie de tempo exterior, como a personagem da novela A fera na selva que espera, ao longo de toda sua vida, o acontecimento que deverá transfigurá–la. Tudo se passa como se ela vivesse no exterior do tempo que passa. E quando ela, enfim, ‘desce’ no tempo é para saber que é tarde demais, que o tempo passou… Ora, é isso que me fascina, a experiência pela qual entramos no tempo para passar com ele, e fazer morrer aquilo a que nos apegávamos – ao invés de se colocar de fora e de o ver passar, permanecendo apegados às pequenas eternidades artificiais. Parece– me que isso é a própria experiência do bergsonismo: passar para o interior do tempo ao invés de pensá–lo de fora.
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