Arquivo para download: Nietzsche e "o povo mais fatal da história universal", por Michèle Cohen-Halimi

 Mas por que o sacerdote judeu aparece, na Genealogia da moral, como a primeira exemplificação do tipo “sacerdote”? Por que é o judaísmo sacerdotal que carrega o fatum da desnaturação dos valores e da instauração da Lei? O elemento determinante, que conduz Nietzsche a reconhecer o judaísmo sacerdotal como pivô decisivo na história axiológica da humanidade é a leitura dos Prolegômenos à história de Israel de Julius Wellhausen. Este era um orientalista e teólogo protestante próximo do teólogo Albrecht Ritschl, que recomendou a ele a leitura dos trabalhos de Karl Heinrich Graf (contestador da redação do Pentateuco por Moises), e muito ligado ao historiador Theodor Mommsen, que ele considerava o verdadeiro defensor de um método hermenêutico propício à objeção do credo da objetividade defendida por Leopold Ranke. Nos seus Prolegomena zur Geschichte Israels, publicados em 1878, Julius Wellhausen reconstrói a história de Israel a partir apenas de problemas de composição do Pentateuco e do Hexateuco. Nesse sentido, quando se pensava que a “Lei” era anterior aos Profetas, Wellhausen estabelece com uma precisão exegética e filológica - segura que os Profetas não podiam ser considerados zeladores da “Lei” porque a “Lei” lhes era posterior.

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