Na Web: Homenagem de Henri Bergson a Gabriel Tarde

Carta de Bergson, do Instituto, Professor de Filosofia no Collège de France.

Tradução: Maristela Bleggi Tomasini

A história da filosofia ensina-nos a distinguir dois gêneros de pensadores. Existem aí aqueles que escolhem sua direção e que caminham metodicamente rumo ao seu objetivo, elevando-se de grau em grau até uma síntese querida e premeditada. Existem outros que vão, sem método aparente, aonde sua fantasia os conduz, mas cujo espírito é tão bem afinado ao uníssono das coisas que todas as suas idéias se harmonizam naturalmente entre elas. Sua reflexão, partindo de não importa onde e engajando-se em não importa que caminho, arranja-se para conduzi-las sempre ao mesmo ponto. Suas intuições, que nada têm de sistemático, organizam-se delas mesmas em síntese. Eles são filósofos sem haver procurado sê-lo, sem haver pensado nisso.

À raça desses últimos pertence Gabriel Tarde. Aquilo que primeiro surpreende nele é o imprevisto de uma fantasia que multiplica os apanhados rápidos, as visões originais e brilhantes. Mas, logo, a unidade e a profundidade de doutrina revelam-se. Um grande pensamento sustenta a obra e imprime-lhe sua direção.

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