Arquivo para download: Gilles Deleuze e Félix Guattari leitores de Marx: a inspiração marxista do conceito de desejo desenvolvido no Anti-Édipo, por Guillaume Mejat

No primeiro capítulo de sua obra intitulada O Anti-Édipo, Gilles Deleuze e Félix Guattari sentam as bases de uma nova concepção de desejo que se opõe, segundo eles, a uma concepção clássica, que é qualificada como idealista e que havia dominado a história da filosofia até então. Eles censuram a tradição idealista por pensar o desejo negativamente, fazendo-o derivar de uma suposta falta (manque). Os dois autores procuram, em oposição a esta tradição, devolver ao desejo sua dimensão positiva. Empreender tal tarefa exige defender a tese segundo a qual o desejo é um processo de produção. Para defender essa tese eles retomam os conceitos e os desenvolvimentos presentes na obra de Marx, que é evocada sucessivas vezes, de forma explícita ou implícita, ao longo do primeiro capítulo do Anti-Édipo.

Consideramos que seria interessante estudar a maneira como Gilles Deleuze e Félix Guattari fazem uso, no primeiro capítulo do Anti-Édipo, do pensamento de Marx. Não nos deteremos sobre todas as referências feitas à obra de Marx em dito capítulo para poder concentrar nossa atenção principalmente sobre a definição de desejo como processo de produção. Tal definição constitui um ponto central na luta de Deleuze e Guattari contra o idealismo. Em seguida, procuraremos entender uma referência a Marx que parece, a primeira vista, estranha, posto que alude a uma noção que não faz parte daquelas que estamos acostumados a atribuir ao pensador alemão: “Como diz Marx, não existe falta, existe paixão como ser objeto natural e sensível”. Para concluir, tentaremos identificar, levando em conta toda a reflexão desenvolvida ao longo do texto, até que ponto Deleuze a Guattari seguem Marx.

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