Na Web: Alegria do pensamento e liberdade, por Marilena Chaui

“A obra spinozana é fecunda porque Spinoza é o filósofo que nos libera do peso esmagador da tirania do imaginário da transcendência, imaginário do medo e do terror (medo de Deus, medo dos homens, medo do desejo, medo dos governantes, medo dos governados, medo do povo, medo da mudança), que nos faz compreender os afetos em lugar de maldizê-los, que nos convida à alegria do pensamento e a descobrir que a liberdade é a potência do corpo e da mente para a pluralidade simultânea, e que não somos apenas partes do ser absolutamente infinito, e sim tomamos parte nessa infinitude”. A constatação é da filósofa Marilena Chaui na entrevista exclusiva que concedeu, por e-mail, à IHU On-Line. Ela explica que Spinoza é o filósofo da liberdade porque ergueu-se “contra os poderes estabelecidos e as tradições do pensamento teológico-metafísico, afrontou, em sua vida, os riscos e perigos decorrentes de sua coragem, que se expressa em sua obra ao percorrer os caminhos tanto da gênese necessária da servidão humana individual e política, quanto da gênese necessária da liberdade humana individual e política”. A servidão humana em suas mais variadas formas e erroneamente pensada como liberdade é um dos temas centrais na filosofia desse pensador, bem como a ligação entre mente e corpo. “A ligação entre a mente e o corpo não é algo que acontece a ambos, mas é o que ambos são quando são corpo e mente humanos. Porque são efeitos simultâneos da atividade de dois atributos substanciais de igual potência e de igual realidade, corpo e mente não estão numa relação hierárquica de comando, o corpo comandando a mente na paixão e no vício, a mente assumindo o comando sobre o corpo na ação e na virtude. Corpo e mente são isonômicos, isto é, estão sob as mesmas leis e sob os mesmos princípios, expressos diferenciadamente. Rompe-se, portanto, a longa tradição filosófica que definira a mente como superior ao corpo e devendo ter comando sobre ele”.

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