Arquivo para download: O riso cômico e o nexo geral entre arte e vida, por Izilda Johanson

Há uma célebre definição – que, com o tempo e, é bem verdade, seguindo num sentido contrário ao dos próprios preceitos que lhe deram origem, acabou se tornando também uma fórmula – que colocou O riso, de Henri Bergson, entre as obras de referência relacionadas ao estudo do cômico, da comédia, da comicidade em geral. Essa definição resume a ideia de que no fundo da comicidade existe e existirá sempre algo de “mecânico aplacado sobre o vivente”.

A tese fundamental é essa, a de que para que uma obra provoque o riso de seus leitores ou espectadores, seu autor precisa lançar mão de certa engenhosidade por meio da qual apareça esse conceito, ou talvez melhor, essa imagem de algo mecânico aplacado, sobreposto ao que é vivo, ao vivente. Ou seja, a vida, tomada no sentido de um impulso ininterrupto de transformações e mudanças, sendo obliterada, de algum modo e por alguns momentos ou por alguma situação, por algo que marca justamente o seu oposto, a saber, a imobilidade, a rigidez, aquilo que não pode, que não consegue ir adiante, que estancou em algum momento o seu processo de continuidade, que não sai de um mesmo ponto, que não muda. Neste sentido, podemos definir mecânico por oposição ao natural, ao ser e estar vivo; e a vida como impulso de criação: um desenrolar ininterrupto de formas e movimento que não cessa nunca, nem nunca pode retroceder, já que o impulso de vida é a própria ação do tempo.


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