Arquivo para download: O cérebro e pensamento: uma ilusão filosófica, por Henri Bergson

A ideia de uma equivalência entre o estado psíquico e o estado cerebral correspondente permeia uma boa parte da filosofia moderna. Discutiu-se mais sobre as causas desta equivalência do que sobre a própria equivalência. Para uns, ela proviria de que o estado cerebral se duplica, em certos casos, com uma fosforescência psíquica que lhe ilumina o contorno. Para outros, ela vem do fato de o estado cerebral e o estado psicológico entrarem respectivamente em duas séries de fenômenos que se correspondem ponto por ponto, sem que seja preciso atribuir à primeira a criação da segunda. Mas uns e outros admitem a equivalência ou, como se diz mais frequentemente, o paralelismo das duas séries. Para fixar as ideias, formularíamos a tese da seguinte maneira: "Sendo dado um estado cerebral, segue-se um estado psíquico determinado". Ou ainda: "Uma inteligência sobre-humana, que assistisse ao movimento dos átomos de que é feito o cérebro humano e que tivesse a chave da psicofisiologia, poderia ler, num cérebro trabalhando, tudo o que se passa na consciência correspondente". Ou enfim: "A consciência não diz nada mais do que se passa no cérebro; ela apenas o exprime numa outra língua". Sobre as origens totalmente metafísicas desta tese não há dúvidas possíveis. Ela deriva em linha direta do cartesianismo. 

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